ENTRE A VONTADE DE POTÊNCIA E A PEDAGOGIA DA ESPERANÇA: UM ENCONTRO IMPROVÁVEL ENTRE FRIEDRICH NIETZSCHE E PAULO FREIRE
- Pedro Sucupira
- há 1 dia
- 14 min de leitura
Este texto é o resumo expandido do meu Trabalho de Conclusão de Curso do Bacharelado em Filosofia, que tenho a alegria de apresentar a vocês.
ENTRE A VONTADE DE POTÊNCIA E A PEDAGOGIA DA ESPERANÇA: UM ENCONTRO IMPROVÁVEL ENTRE NIETZSCHE E FREIRE
(análise comparativa entre a filosofia de Friedrich Nietzsche e a pedagogia de Paulo Freire)
SUCUPIRA, Pedro Henrique Ferreira
Bacharelando em Filosofia - Uninter
1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise comparativa entre os pensamentos de Friedrich Nietzsche e Paulo Freire, autores que, apesar de separados por contextos históricos, geográficos e temáticos distintos, apresentam convergências relevantes no que diz respeito à crítica às estruturas de dominação que configuram o sujeito moderno. A investigação parte do pressuposto de que, enquanto Nietzsche desenvolve uma filosofia crítica dos valores morais tradicionais, propondo sua transvaloração como forma de afirmação da vida, Freire elabora uma pedagogia voltada à libertação dos oprimidos por meio da conscientização crítica e do diálogo.
Não se busca aqui estabelecer equivalências forçadas entre ambos os autores, mas identificar os pontos de interseção e contraste que permitem uma leitura cruzada de suas respectivas obras, especialmente no que tange à crítica da autoridade e à possibilidade de superação da opressão. Não se pretende, neste estudo, realizar uma análise crítica aprofundada das obras de cada autor, mas sim apresentar um compilado dos principais temas abordados por ambos, estabelecendo uma comparação introdutória entre seus pensamentos. A partir de um exame conceitual das noções de vontade de potência, transvaloração dos valores e Übermensch, em Nietzsche, e de conscientização, diálogo e práxis libertadora, em Freire, o trabalho busca articular os fundamentos filosóficos de suas críticas à autoridade, bem como suas respectivas visões sobre a possibilidade de transformação da realidade.
Longe de se propor como uma investigação exaustiva, tarefa que exigiria tempo, maturidade acadêmica e um rigor crítico que este trabalho não se arroga possuir, este estudo se apresenta como uma aproximação inicial, resultado do contato com os escritos fundamentais de cada autor, e do esforço sincero de estabelecer um diálogo possível entre duas formas de pensar a libertação do ser humano.
2. METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos propostos foram utilizados os seguintes livros escritos por Paulo Freire — Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da Autonomia, Pedagogia da Esperança e Educação como prática da liberdade — e Friedrich Nietzsche — Genealogia da Moral, Assim Falava Zaratustra, Crepúsculo dos Ídolos, Além do Bem e do Mal, O Anticristo e Ditirambos de Dionísio —. Essas obras foram utilizadas como principais referências para a construção deste trabalho.
Ademais, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os principais pontos tratados na filosofia de Nietzsche e na pedagogia de Freire. A pesquisa foi realizada em base de dados virtuais nacionais e internacionais tais como Google Acadêmico, PubMed, Scientific Eletronic Library Online – SciELO, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Portal Domínio Público, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, e Biblioteca virtual do Centro Universitário Internacional UNINTER, através da consulta pelos seguintes descritores: Paulo Freire, Friedrich Nietzsche, relação entre Freire e Nietzsche, divergências entre Freire e Nietzsche. Os textos pesquisados foram livros, teses, dissertações, artigos ou outra produção científica. Foram utilizados apenas os textos que obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: texto disponível na íntegra, aderência com a temática e texto escrito em português ou inglês.
Antes da leitura das obras principais de Nietzsche e Freire, foram realizadas leituras introdutórias e estudos preparatórios com o objetivo de contextualizar e aprofundar a compreensão de seus pensamentos. Destacam-se, entre essas leituras, os livros Nietzsche, de Oswaldo Giacoia Junior; Nietzsche: Filósofo da Suspeita, de Scarlett Marton; e Eu Sou Dinamite: A Vida de Friedrich Nietzsche, de Sue Prideaux. Além disso, foram utilizadas videoaulas disponíveis na plataforma YouTube, como recurso complementar, voltado à interpretação e à assimilação dos conceitos fundamentais de ambos os autores.
3. DISCUSSÕES TEÓRICAS E RESULTADOS
3.1 Friedrich Nietzsche: Crítica da Moral Ocidental e Emergência da Vontade de Potência
Friedrich Nietzsche enxergava a cultura ocidental como acometida por uma espécie de decadência espiritual. Em suas palavras, tratava-se de uma cultura doente, presa a valores herdados que, longe de elevarem o espírito humano, serviam para restringi-lo. Essa doença se manifestava especialmente na moralidade cristã, que Nietzsche caracteriza como uma moral de escravos — uma moral forjada por aqueles que, ressentidos com a força e a vitalidade dos mais potentes, criaram valores que exaltem a fraqueza, a obediência e a submissão.
Em Genealogia da Moral, Nietzsche reconstrói as origens desses valores e mostra que o que é considerado “bom” e “mau” não é uma verdade universal, mas o resultado de disputas históricas entre diferentes formas de vida. A moral dominante no Ocidente, segundo ele, é produto do ressentimento: um mecanismo psicológico dos fracos para rebaixar os fortes, promovendo a renúncia da vida, o sacrifício, a culpa e o medo como virtudes supremas. Em contraste, Nietzsche reivindica uma transvaloração de todos os valores, isto é, uma inversão ativa e criadora dos significados morais, que só pode ser operada por uma nova figura: o Übermensch (além-do-homem ou super-homem).
O Übermensch não é um modelo fixo de perfeição, mas um símbolo da superação de si mesmo. Ele representa o indivíduo que rompe com os valores herdados, que se arrisca a viver sem garantias metafísicas, que afirma a vida em sua totalidade, inclusive com seus sofrimentos e contradições, como obra de arte. Essa figura está em oposição ao homem religioso, ao homem moral, ao homem conformado. Em Assim Falava Zaratustra, Nietzsche faz do Übermensch o ponto culminante de seu pensamento afirmativo: aquele que cria novos valores, que dança com o caos, que transforma dor em potência criadora.
É nesse contexto que se insere o conceito central da vontade de potência (Wille zur Macht). Diferentemente da vontade de viver, proposta por Schopenhauer, que era resignada e marcada pela dor, a vontade de potência nietzschiana é afirmativa, criadora, expansiva. Trata-se de uma força primordial que anima todos os seres vivos, e que se expressa não apenas como dominação sobre o outro, mas como superação de si, como criatividade estética, como capacidade de atribuir sentido à existência.
Nietzsche não propõe uma nova moral no lugar da antiga, mas sim a destruição de toda pretensão de moral universal. Ele se opõe tanto à moral religiosa quanto à moral racionalista da modernidade, argumentando que ambas são expressões da mesma negação da vida. Em Além do Bem e do Mal, ele afirma que toda filosofia até então estava fundada em preconceitos morais disfarçados de verdades eternas. Sua crítica é radical: ela não pretende reformar os valores, mas expô-los como construções históricas e fisiológicas, muitas vezes sintomas de decadência.
Ao rejeitar a noção de uma verdade absoluta, de um bem universal e de um propósito final e fixo para a existência, Nietzsche inaugura uma filosofia centrada na diferença, na criação e na singularidade de cada indivíduo. Seu pensamento não é voltado à exaltação da força como dominação sobre os outros, mas sim à valorização da potência interior de cada ser humano — a capacidade de afirmar a própria vida com autonomia, sem recorrer a justificativas metafísicas ou a normas externas impostas pela tradição, pela religião ou pela moralidade vigente.
3.2 Paulo Freire: Educação, Conscientização e Transformação Social
Paulo Freire propõe uma ruptura radical com o modelo tradicional de ensino, que ele denomina educação bancária. Nesta, o professor assume o papel de detentor absoluto do saber, enquanto o aluno é visto como um recipiente vazio a ser preenchido. A educação bancária é, para Freire, uma forma de opressão: ela nega a subjetividade do educando, bloqueia seu pensamento crítico e o impede de compreender o mundo como realidade histórica e transformável.
Em contraposição, Freire formula uma pedagogia dialógica, fundada no respeito ao saber do outro, na escuta ativa e na construção conjunta do conhecimento. Essa pedagogia tem como base o diálogo autêntico, que não é mera troca de informações, mas um ato de criação e de reconhecimento mútuo. Em Pedagogia do Oprimido, ele afirma que "ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". A mediação pelo mundo, ou seja, pela realidade concreta, é essencial, pois a educação, para Freire, deve partir da experiência vivida e dos saberes populares.
A finalidade última dessa pedagogia é a conscientização, termo que, em Freire, ultrapassa o mero “tomar consciência”. Conscientizar-se é despertar para a condição histórica de opressão e adquirir a capacidade de agir sobre ela. A educação, assim, é sempre uma prática política, mas não no sentido partidário: trata-se de um engajamento ético com a libertação do outro. O oprimido, ao reconhecer-se como tal, descobre sua força transformadora e se torna sujeito da história.
Freire insiste que essa conscientização não deve ser feita “para” os oprimidos, mas “com” eles. O educador não pode agir como salvador, mas como parceiro. Daí seu conceito de educador-educando e educando-educador, presente em Pedagogia da Autonomia. Ensinar, nessa perspectiva, é também aprender; orientar é também escutar; propor é também estar aberto à resposta. O professor não deve assumir o papel de um “criador” que impõe formas prontas à mente dos alunos, como se estivesse moldando consciências de fora para dentro, segundo um modelo que ele domina sozinho. Em vez disso, o professor é visto como alguém que instiga, provoca, desperta a curiosidade, e permite que o pensamento autônomo do educando floresça por si mesmo.
Em Pedagogia da Autonomia, Freire aprofunda essa ética da educação como prática de liberdade. Ele afirma que “ensinar exige respeito aos saberes dos educandos”, “ensinar exige curiosidade” e “ensinar exige alegria e esperança”. A esperança, longe de ser ingênua ou escapista, é uma categoria histórica e crítica. Ela nasce da insatisfação com o presente e do desejo ativo de superação das injustiças. Trata-se, portanto, de uma esperança lúcida e militante, que não espera de braços cruzados, mas atua, transforma, resiste.
Ao propor a educação como ato de amor, coragem e rebeldia, Paulo Freire reconfigura o papel do educador: este deve ser um intelectual orgânico, comprometido com a dignidade humana, com a justiça social e com a transformação do mundo. A escola, por sua vez, deixa de ser um espaço de doutrinação para se tornar um espaço de diálogo e reinvenção da vida. Em última instância, a pedagogia freiriana é um projeto de mundo — um mundo onde a liberdade não é privilégio, mas condição fundamental da existência.
3.3 Convergências: Crítica à Opressão e à Autoridade
Apesar de inseridos em contextos históricos, culturais e teóricos profundamente distintos, Friedrich Nietzsche e Paulo Freire compartilham um traço essencial: a recusa das estruturas de dominação que submetem o sujeito à passividade. Essa convergência se expressa, sobretudo, na crítica que ambos dirigem às formas de autoridade que pretendem manter o mundo inalterado, seja sob o manto da moralidade religiosa, seja através da educação autoritária.
Nietzsche empunha o “martelo” filosófico para destruir os ídolos da moral tradicional. Em obras como Genealogia da Moral e Crepúsculo dos Ídolos, ele mostra como as instituições — religião, Estado, moral — funcionam como mecanismos de domesticação da vontade. A moral dos fracos, afirma Nietzsche, tornou-se dominante ao transformar submissão, ressentimento e conformismo em virtudes. Para romper com essa lógica, ele propõe a transvaloração de todos os valores, isto é, a substituição dos valores herdados por valores criados a partir da afirmação da vida. A libertação, em Nietzsche, começa pela desconstrução da obediência cega e da culpa, passando pela recuperação da potência criadora do indivíduo.
Freire, por sua vez, também identifica na autoridade imposta um obstáculo à liberdade. Em Pedagogia do Oprimido, ele denuncia a educação tradicional como instrumento de opressão, ao tratar o aluno como ser passivo, receptor de conteúdos prontos e alienado de sua realidade. Assim como Nietzsche vê a moral como forma de domesticação, Freire vê na educação bancária um modo de colonização das consciências. Para ele, o combate à opressão exige que os sujeitos tomem consciência de sua condição histórica e se engajem, criticamente, na construção de sua libertação. Essa tomada de consciência, a conscientização, é um processo radicalmente político, que envolve o enfrentamento das estruturas que naturalizam a desigualdade e a exclusão.
A rebeldia, em ambos, assume um papel central. Nietzsche a compreende como uma negação ativa, uma força que rompe com o que oprime e cria novas formas de existência. Freire entende a rebeldia como expressão de dignidade e não de desordem, pois é através dela que o oprimido afirma sua humanidade e sua capacidade de transformar o mundo. Em ambos os casos, a transformação não se dá apenas como negação, mas como criação: criação de novos valores, de novos sentidos, de novas relações.
Outro ponto de contato entre Nietzsche e Freire é a valorização da autonomia. Ambos se opõem à heteronomia imposta por sistemas normativos rígidos. Nietzsche afirma a vontade de potência como caminho para a autoafirmação do sujeito criador. Freire, por sua vez, defende que ensinar é promover a autonomia do educando, e não moldá-lo segundo expectativas externas. Em Pedagogia da Autonomia, ele afirma: “ensinar exige respeito à autonomia do ser que aprende”, pois ninguém se realiza como sujeito sob a tutela permanente de outro.
É importante destacar, contudo, que essa convergência não significa equivalência. A crítica de Nietzsche é mais ontológica e estética; a de Freire, ética e sociopolítica. Mas ambas partem da rejeição à obediência cega e à submissão como destino. Ambos conclamam o ser humano a tornar-se autor de si, seja pela reinvenção dos valores (Nietzsche), seja pela conscientização de sua inserção no mundo (Freire).
Dessa forma, ainda que caminhem por trilhas distintas, Nietzsche e Freire se encontram na recusa da conformidade, no desmascaramento das estruturas opressoras e na afirmação de que é possível criar outra forma de existir no mundo.
3.4 Divergências: Elitismo Nietzscheano vs. Coletividade Freiriana
A ruptura mais evidente entre Friedrich Nietzsche e Paulo Freire reside na maneira como cada um compreende a massa, o povo e o papel da coletividade na transformação da realidade. Se em outros pontos é possível traçar pontes conceituais, aqui o abismo é estrutural e irredutível: Nietzsche se mostra um pensador elitista e aristocrático; Freire, um pensador popular e emancipador.
Friedrich Nietzsche, em sua crítica à cultura moderna, denuncia o que chama de “espírito de rebanho” — a tendência das massas a seguirem valores herdados, a buscar segurança na conformidade e a renunciar à própria singularidade em nome da obediência. Para ele, a moral cristã, com sua ênfase na humildade, na igualdade e no sacrifício, é uma invenção dos fracos para nivelar por baixo as forças mais potentes da vida. O rebanho é símbolo da mediocridade, da covardia diante da existência, da recusa em afirmar-se criador de valores.
Nietzsche não acredita que a libertação do ser humano possa vir da coletividade. Pelo contrário, ele vê a massa como um obstáculo à superação, pois tende à conformidade e à mediocridade. Para ele, a esperança de transformação está no indivíduo singular, aquele que tem coragem de romper com os valores herdados e criar novos caminhos por conta própria. O Übermensch (além-do-homem) nietzschiano não é um líder de multidões, não educa massas nem conduz revoluções sociais. Ele é autossuficiente em sua força afirmativa, capaz de sustentar sozinho o peso de sua liberdade. A criação de novos valores exige coragem, vigor interior e independência espiritual e, muitas vezes, a capacidade de suportar a solidão. Por isso, Nietzsche critica a democracia, o igualitarismo e a moralidade humanitária, que ele considera formas de enfraquecimento do espírito e sintomas de um niilismo passivo que nega a possibilidade da verdadeira grandeza humana.
Paulo Freire, por outro lado, aposta radicalmente no poder transformador da coletividade. Em sua pedagogia, é o povo oprimido, e não o indivíduo excepcional, que carrega o potencial de ruptura com a ordem opressora. A educação freiriana parte do princípio de que ninguém se liberta sozinho, e ninguém liberta o outro: a libertação é um processo coletivo, dialógico e histórico, no qual todos são sujeitos.
Na Pedagogia do Oprimido, Freire vê a massa não como um rebanho cego, mas como um corpo social silenciado, cujas vozes foram abafadas por séculos de exclusão. Sua missão como educador é fazer com que essas vozes se escutem, se reconheçam e se articulem para intervir na realidade. A esperança que Freire deposita na coletividade não é ingênua: ela nasce da consciência crítica e da práxis, isto é, da ação refletida que transforma o mundo.
Enquanto Nietzsche busca a transvaloração dos valores a partir do alto, através do indivíduo que cria para si mesmo uma nova existência, Freire acredita na reconstrução coletiva do mundo, feita pelos muitos que antes eram silenciados. Se Nietzsche vê nas massas apenas repetição e ressentimento, Freire vê potência, criatividade e história. Nietzsche parte da exceção; Freire, da pluralidade.
Essa diferença também se manifesta no papel da educação. Para Nietzsche, a cultura erudita deve ser preservada para poucos, os fortes, os criadores. Em Crepúsculo dos Ídolos, ele denuncia o que chama de vulgarização da educação para todos como um empobrecimento da cultura. Já Freire defende uma educação universal, acessível, crítica, voltada à emancipação e à dignidade de todos os sujeitos.
Por fim, essa divergência se inscreve num embate de fundo entre duas visões de humanidade: uma trágica, estética e solitária (Nietzsche), e outra esperançosa, ética e solidária (Freire). Ambas têm seus méritos e limites, e sua justaposição permite compreender não apenas as possibilidades da crítica, mas também seus horizontes políticos. A elite nietzschiana e o povo freiriano são figuras simbólicas de dois caminhos distintos para a superação do mundo tal como ele é — um pela via da exceção criadora, outro pela via da mobilização coletiva.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho demonstrou que, apesar das diferenças entre Friedrich Nietzsche e Paulo Freire, ambos compartilham uma recusa à opressão e à passividade. Nietzsche propõe a superação da moral tradicional e a criação de novos valores por meio da afirmação individual, enquanto Freire aposta na transformação coletiva através da educação e da conscientização. A convergência entre suas críticas à autoridade não anula suas divergências profundas, mas revela uma riqueza filosófica que amplia o olhar sobre a liberdade e a criação de sentido. O diálogo entre esses dois pensadores, ainda que tenso, é fértil — não para concluir posições, mas para inspirar novas reflexões sobre a condição humana e as possibilidades de reinvenção da vida.
REFERÊNCIAS
Livros
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 78ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2024.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 90ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2024.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 53ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 32ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
GIACOIA JUNIOR, Oswaldo. Nietzsche. 2. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2000.
MARTON, Scarlett. Nietzsche: filósofo da suspeita. São Paulo: Editora Unesp, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Tradução de Hermann Pfüger. São Paulo: Veríssimo; Faro Editorial, 2024.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Tradução de Érika Patrícia Moreira e João Pedro Nodari. São Paulo: Pé da Letra, 2021.
NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos, ou como filosofar com o martelo. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
NIETZSCHE, Friedrich. O anticristo; Ditirambos de Dioniso. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
PRIDEAUX, Sue. Eu sou dinamite: a vida de Friedrich Nietzsche. Tradução de Donaldson M. Garschagen. São Paulo: Todavia, 2021.
Artigos
BERNZ, Maurício Eduardo. A crítica de Nietzsche à moral cristã: por uma vida sem refúgios. Revista Filosófica São Boaventura, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, v. 11, n. 2, jul./dez. 2017. Disponível em: https://revistadefilosofia.fae.emnuvens.com.br/filosofia/article/viewFile/56/46. Acesso em: 14 abr. 2025.
FERRAREZI, Antonio Carlos. A crítica de Nietzsche aos valores e à moral cristã na obra Genealogia da Moral. In: Anais do Congresso de Iniciação Científica – Ciências Humanas. Instituto Metodista Izabela Hendrix, 2019. p. 238–254. Disponível em: http://izabelahendrix.edu.br/pesquisa/anais/arquivos2019/ciencias-humanas/a-critica-de-nietzsche-aos-valores-e-a-moral-crista-pag-238-254.pdf. Acesso em: 14 abr. 2025.
LIMA, Jean Alves. Educação para a autonomia: reflexões sobre o conceito de autonomia a partir de Paulo Freire. 2022. 148 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2022. Disponível em: https://tede.utp.br/jspui/bitstream/tede/1879/2/EDUCACAO%20PARA%20A%20AUTONOMIA.pdf. Acesso em: 14 abr. 2025.
LIMA, Sebastião Hugo Brandão. A crítica de Nietzsche à religião cristã. 2015. 117 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Religião) – Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2015. Disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/bitstream/tede/371/1/sebastiao_hugo_brandao_lima.pdf. Acesso em: 14 abr. 2025.
MONSALVO, Diego Almeida. Nietzsche e Paulo Freire: o encontro de duas críticas filosóficas no cenário educativo moderno. Revista Eletrônica do Departamento de Ciências da Educação – UNESP/São Paulo. Unesp – Universidade Estadual Paulista. Disponível em: https://www.fclar.unesp.br/Home/Departamentos/CienciasdaEducacao/RevistaEletronica/Microsoft_Word_-_NIETZSCHE_e_PAULO_FREIRE.pdf. Acesso: 19 mar. de 2025.
PEREIRA, Pablo Michel Barcelos. Freire, Nietzsche e a transvalorização da educação bancária. In: V SEMINÁRIO DE FILOSOFIA E SOCIEDADE: Mente, Epistemologia e Linguagem, 2019, Criciúma. Anais do Seminário de Filosofia e Sociedade: Multiplicando Pensamentos. Criciúma: EdiUnesc, 2019. v. 3, p. 1–14. DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.9032016096. Disponível em: http://periodicos.unesc.net/filosofia/issue/view/234/showToc. Acesso em: 10 abr. 2025.
SILVA, Antônio Sérgio Mota da. Nietzsche e a crítica da religião. Revista FAFIC, Faculdade Católica da Paraíba, v. 1, p. 1, 2012. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/40626664/nietzsche-e-a-critica-da-religiao. Acesso em: 14 abr. 2025.
************************************************************************************
Se você chegou até aqui, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.
Se este texto te interessou, aqui no blog você encontra outros escritos meus, entre resenhas, contos e reflexões.
No Instagram, você me encontra como @pedrosucupiraa.
No Skoob, como Pedro Sucupira, onde compartilho os livros que li, estou lendo e pretendo ler.
E no Lattes, é possível acessar minha produção acadêmica, incluindo artigos científicos, capítulos e livros publicados.
Se quiser conversar, trocar ideias, críticas, sugestões ou experiências, sinta-se à vontade para me escrever: pdrohfs@gmail.com.


