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Dedicatória e Agradecimentos – Tese com Alma e Verdade

O texto que compartilho aqui é a Dedicatória e os Agradecimentos que escrevi para a minha Tese de Doutorado — um dos poucos espaços, dentro da rígida estrutura acadêmica, onde nos é concedida total liberdade para expressar sentimentos, memórias e ideias com autenticidade. Quem já percorreu os caminhos do mestrado ou doutorado compreenderá o valor simbólico desse momento.

Foi justamente por reconhecer essa liberdade rara que me permiti escrevê-la com intensidade e verdade. Transformei a dedicatória em um retrato fiel da travessia que o doutorado representou para mim: os altos e baixos, as perdas e conquistas, o cansaço e o orgulho, as relações que me sustentaram.

Hoje, mesmo fora da academia, tendo mudado de profissão e de rumos, esse título permanece como um marco do qual me orgulho imensamente. Não apenas pelo diploma em si, mas pelo processo que me forjou, pelas pessoas que caminharam comigo e pelas reflexões que ele me proporcionou.

Essa dedicatória é, portanto, mais do que um agradecimento formal: é uma memória viva. E é com carinho que a compartilho com você. Espero que, de algum modo, ela ressoe em quem já trilhou ou deseja trilhar esse caminho — ou, simplesmente, em quem valoriza histórias escritas com o coração.

Pintura digital em estilo semi-realista representando um escritor diante de sua jornada acadêmica. Um homem de expressão contemplativa está sentado em uma mesa repleta de papéis, livros e café, cercado por uma aura de luz suave. Atrás dele, surgem figuras simbólicas como professores, familiares, técnicos e faxineiros — todos envoltos em uma paleta quente e etérea. Ao fundo, estrelas e constelações simbolizam o esforço coletivo e a dimensão quase mística da escrita de uma tese. A imagem transmite gratidão, sacrifício e beleza poética do processo acadêmico.

DEDICAR. O que é DEDICAR? E como DEDICAR uma das obras mais importantes da minha vida a alguém senão eu mesmo? Acho que seria muita prepotência DEDICAR somente a mim, ignorando todos aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse concluído. Apesar de eu ter sofrido vários revezes durante o doutorado, ainda assim eu admito que a DEDICATÓRIA é necessária e justa, pois DEDICAR é reconhecer. Isso mesmo. Encontrei minha resposta. DEDICAR é reconhecer o esforço empregado por tantos e todos que participaram da construção de algo. Se bem que DEDICAR tem aquele ar de coadjuvantismo. O protagonista DEDICA a obra aos coadjuvantes, o que discordo veemente. Se tratando de uma tese de doutorado, acredito que há muito mais de um protagonista. Não só o aluno doutorando, mas também os seus orientadores, colegas de laboratório e até mesmo aqueles considerados coadjuvantes pelo sistema, como técnicos e faxineiros, também merecem estar sob a luz dos holofotes do protagonismo. Por isso que eu DEDICO esta tese, que me recuso a chamar somente de tese, mas que também merece a denominação de obra.

Tese é acadêmico. Uma denominação formal, mas que muitas vezes não demonstra a grandiosidade do trabalho empregado. Por sua vez, a própria denominação de obra já carrega consigo todo o peso e labor do trabalho investido para que a obra fosse concluída. Uma obra homérica, dantesca, monumental são as definições que uma tese de doutorado realmente merece. Quem sabe até mais dependendo dos revezes e contras sofridos pelos protagonistas. Nem mesmo Homero e Dante em todo o seu brilhantismo imaginariam os trabalhos herculanos que um doutorando teria que completar para ao final ter um ou dois artigos Qualis A1 publicados, e ainda assim, com o título em mãos, se deparar com um sistema científico educacional falido cuja valorização de professores e doutores está muito aquém do verdadeiro merecido. Uma verdadeira tragédia bem ao estilo grego.

Uma obra que me DEDIQUEI (interessantíssimo, aqui também aparece o verbo DEDICAR, mas com outra acepção, o de se doar para que algo seja concluído e realizado) e que preciso DEDICAR, pois sem a dedicação de outros, nos mais ínfimos detalhes, jamais seria concluída.

Peço desculpas aos crentes e religiosos, mas não dedicarei minha obra a nenhum ser divino cuja existência desconheço. O máximo de misticismo ao qual dedicaria seria aos astros, pois esses existem. Contudo, como comprovar a influência desses na construção desta obra não é algo deminha capacidade, me limitei a incluir aqui, no parágrafo dedicado ao campo das crenças e fé, esse único resquício metafísico existente em minha vida.

Desculpem-me pelo desvio repentino. Continuemos com a dedicatória.

Me sinto mais que motivado em primeiramente DEDICAR todo este trabalho aos laços sanguíneos, nada coadjuvantes nem na construção desta obra e muito menos na minha vida. Os primeiros a se tornarem meu porto seguro nos momentos de desistência, carência, chatice, melancolia e raiva, mas que continuaram ali, pertinho de mim, mesmo eu sendo esse turbilhão de emoções ambulante (aliás, aos futuros doutorandos aqui vai um aviso: qualquer corajoso que pretenda se jogar nessa empreitada, que é ser um pesquisador doutorando, o seu destino é se tornar um furacão ambulante de emoções incompreendidas. Você, que lê essa mensagem e que não iniciou essa jornada, considere-se avisado). Mesmo com as perguntas, comentários e admoestações repetitivos, “Quando você vai arrumar um emprego?” “Quando você vai começar a trabalhar?” “Você estuda demais, menino, vai ficar louco”, eu ainda assim dedico essa obra a vocês, à minha amada mãe, Dulcineia, e às minhas queridas irmãs, Carol, Heloisa e Rebecca. Meus agradecimentos em forma de DEDICATÓRIA.

DEDICO este trabalho e todo o esforço aqui empregado ao meu primo Igor, jovem, alegre e exemplar que foi recentemente assassinado por engano. Sua partida criou um buraco de tristeza na nossa família que jamais será preenchido. Foi dolorido te ver partir de forma tão cruel e injusta. Quem dera se eu pudesse trocar os anos de vida que dediquei à esta tese pela sua vida. Não pensaria duas vezes. Você tem feito e fará muita falta. A tristeza, a raiva e as saudades por sua partida tão repentina estarão para sempre presentes conosco.

À minha segunda família que hoje se tornou primeira. À pessoa que convivo diariamente, com quem construí um espaço o qual posso chamar de lar. Ao meu marido, Bruno Scott Rocha Zambrano Jacques (depois de anos eu consegui decorar o seu nome), eu também dedico este trabalho. De todos, você tem sido a pessoa mais presente e sem o seu apoio, conselhos e palavras de sabedoria eu jamais teria concluído essa etapa da minha vida. Eu quis desistir, parar, abandonar tudo, quase chegando à beira da praia, depois de tanto nadar, mas foi você quem me pegou pela mão e me conduziu até a linha de chegada. A você o meu muito obrigado e fica aqui registrada a minha eterna gratidão e DEDICAÇÃO.

Aos laços não sanguíneos, mas que se tornaram família, que chamamos de amigos. Aos amigos de perto e aos amigos de longe. Aos laços de amizade que construí durante esses seis anos detrabalho na Fiocruz. Aos amigos que dividiram comigo por um longo tempo o horário de almoço, horas de procrastinação com muita conversa e risadas, mas que hoje percebo que foram mais que necessárias para que eu pudesse continuar. Aos colegas e amigos de andar cujas conversas com nos corredores e escadas do instituto se tornaram quase que um ritual, momentos de descanso, de desabafo e de escuta ativa. Todos vocês foram o meu alívio cômico em meio à tanta pressão e ansiedade que a academia despeja nos ombros de seus alunos, sem dó nem piedade. A esses eu dedico esta obra, pois me ajudaram, contribuíram, com palavras de ânimo e incentivo. Sou muito grato por ter tido vocês nessa jornada.

Também gostaria de DEDICAR e agradecer aos meus orientadores, em especial, com grande emoção e gratidão, ao Márcio e à Milene. Vocês dois não tem noção do quanto foi importante para mim ter se tornado seu orientando. A empatia, o cuidado e a paciência que vocês tiveram para comigo foram essenciais para eu continuar e concluir essa etapa. Ao meu primeiro orientador e a quem denominei de meu conselheiro científico, Frederico Soriani, que hoje se tornou um amigo e que mesmo estando longe sempre esteve perto. Obrigado por todo apoio, compreensão e conselhos. Para sempre serei grato e guardarei comigo a lembrança de que tive bons e verdadeiros orientadores. Meu muitíssimo obrigado.

Antes de finalizar quero destacar sobre a efemeridade de uma dedicatória. Este é um parágrafo melancólico, depressivo, como possivelmente muitos afirmarão, mas necessário. Cabe aos artistas e cientistas, os protagonistas de suas obras, não apenas a exaltação da alegria, mas também relembrar à humanidade das tristezas da vida. A dedicatória é momentânea; se baseia no instante de vida em que foi escrita. Por mais doloroso e nada romântico que seja é preciso destacar que muitos dedicados possam não ser tão perenes quanto a obra em questão. A obra permanecerá, um marco na história, continuará viva nos arquivos de tese do Instituto René Rachou, por mais desconhecida que seja, enquanto a instituição persistir. Já com relação aos dedicados, jamais poderemos afirmar o mesmo. Pessoas vem e vão. Relações começam e terminam a todo momento e, nós, como humanos, precisamos estar cientes dessas efemeridades da vida. Apesar da ansiedade melancólica sofrível desse parágrafo, é com esperança que eu me DEDICO à construção de relações, pois acredito na perenidade dessas. Apesar de não ter controle do futuro, eu vivo de esperança e assim continuarei a nutrir cada uma das relações aqui mencionadas para que durem pelo máximo de tempo possível de forma saudável e voluntária (não sou a favor de relações coagidas).

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Se você chegou até aqui, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.

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