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  • Pedro Sucupira

Sociedade do Cansaço, por Byung-Chul Han.

Atualizado: 16 de out. de 2023


Sociedade do Cansaço

A Sociedade do Cansaço é um pequeno ensaio filosófico em que o filósofo coreano Byung-Chul Han analisa a sociedade pós-moderna principalmente do ponto de vista da relação indivíduo-trabalho. Byung-Chul Han começa sua obra descrevendo a violência neuronal em que a sociedade do século XXI está tão imersa que considera normal. “Doenças neuronais como depressão, transtorno de déficit de atenção com síndrome de hiperatividade (TDAH), transtorno de personalidade limítrofe (TPL) ou a síndrome de Burnout (SB) determinam a paisagem patológica do século XXI – enfartos provocados pelo excesso de positividade.”


O excesso de positividade aprisiona o indivíduo na produtividade e consumismo, desconecta-o de si mesmo, uma vez que o mesmo só busca cada vez mais por desempenho, resultados e superações, pois vive a ilusão de uma liberdade paradoxal do tudo é possível –


“A lamúria do indivíduo depressivo de que nada é possível só se torna possível numa sociedade que crê que nada é impossível.”

O excesso de positividade se manifesta também com o excesso de estímulos. Na sociedade de desempenho, voltamos ao estado de animais selvagens uma vez que reagimos a todos os estímulos que somos expostos. – “Ser multitarefa não representa nenhum progresso civilizatório. Trata-se antes de um retrocesso. A multitarefa está amplamente disseminada entre os animais em estado selvagem. Trata-se de uma técnica de atenção, indispensável para sobreviver na vida selvagem.”


O excesso de positividade, de desempenho, de multitarefas, de estímulos, uma sociedade que não tolera o tédio e inibe a contemplação, todo esse cenário culmina na sociedade atual que o autor denomina sociedade do cansaço – “uma sociedade do desempenho e sociedade ativa geram um cansaço e esgotamento excessivos”.


“Um cansaço solitário, que atua individualizando e isolando”. Indivíduos esgotados que se isolam a fim de buscarem o descanso – “Esses cansaços que consumiram com fogo nossa capacidade de falar, a alma – Eles são violência porque destroem qualquer comunidade, qualquer elemento comum, qualquer proximidade, sim, inclusive a própria linguagem.” Não um ‘cansaço fundamental’, mas um ‘cansaço de esgotamento’ que nos incapacita de fazer qualquer coisa até mesmo manter as amizades, as relações e a contemplação.


Para mim, este se tornou um dos grandes livros do ano. Uma daquelas obras em que o autor consegue nos falar tanto escrevendo tão pouco. Um livro curto, mas que me demandou tempo pois o autor emprega uma linguagem filosófica muito rebuscada da qual não estamos acostumados. Porém o esforço é compensado com os aprendizados e insights que Byung-Chul traz sobre a sociedade atual e para onde essa tem caminhado.



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Para quem chegou até aqui, eu me chamo Pedro Sucupira e sou um professor pesquisador em formação e curioso de um tanto que você não faz ideia. Amo estudar, não é atoa que não aguentei somente fazer o doutorado e já ingressei no curso de filosofia. Sou um descobridor, apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e tudo o que envolve ciência.


Se você se interessou por esse artigo, aqui, no meu blog, você encontra mais textos meus (resenhas, contos e artigos). No Instagram você me encontra como @pedrosucupiraa. No Skoob como Pedro Sucupira, lá você pode acompanhar todos os livros que já li e tenho lido. No Lattes você consegue ver todos os artigos científicos que já publiquei.


E caso queria conversar comigo, compartilhar ideias, experiências e críticas, basta me chamar no pdrohfs@gmail.com.

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