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O Quadro – Um conto psicológico sobre obsessão e loucura


Visitantes reunidos em frente à obra Mona Lisa, no Museu do Louvre, registrando o momento com celulares, simbolizando a relação entre arte, fama e consumo visual contemporâneo.

Carol é uma menina introvertida, e sua capacidade de manter as emoções sob rédeas firmes sempre me pareceu algo digno de um asceta ou de um diplomata — dessas criaturas que, ao que dizem, jamais se permitem estremecer. À primeira vista, oferece ao mundo o semblante circunspecto de quem se ocupa com enigmas insondáveis ou cálculos metafísicos; contudo, basta que se sinta à vontade, que a sala esteja propícia, e sua alma, até então recolhida, se desdobra, fala e ri, como quem apenas aguardava o momento justo para ser.

É bonita, não há como negar, e o é sobretudo aos olhos de uma sociedade que idolatra os traços eurocêntricos com a devoção que outrora se dava aos ídolos pagãos. Seus cabelos, longos e negros como a noite, contrastam com a pele clara e os olhos cor de folha seca — tonalidade essa que muda, quase caprichosamente, conforme a luz do sol lhe invade os olhos. Está quase sempre séria, mas nunca carrancuda; há nela uma serenidade que, em vez de apaziguar, inquieta. Parece flutuar acima dos reveses do mundo, alheia às injunções da vida ordinária, sempre no controle — ou, pelo menos, na aparência dele. E, convenhamos, essa imagem de um equilíbrio absoluto é uma afronta para os que, como eu, vivem em permanente desalinho. Arrisco dizer que dentro dela ocorrem erupções, terremotos íntimos, e que seu silêncio, longe de ser paz, é o esforço colossal de manter o caos interno domesticado. Quando, por descuido ou cansaço, ela explode — e explode, sim —, todos se assustam, como se um sismo viesse lembrar que o vulcão, por mais adormecido que pareça, continua ali, vivo.

Em casa, ninguém ousa julgá-la nesses momentos. Sabemos — ou intuímos — que aquele desabafo breve é o modo como ela respira. Que direito teríamos nós, espectadores e algozes, de lhe negar o oxigênio?

No trabalho, é uma unanimidade laudatória: os chefes a elogiam, os colegas a admiram, os clientes a agradecem. Na família, ocupa o posto de favorita, a quem todos recorrem com a mesma naturalidade com que se pede café. Aliás, recorrem até em excesso, como quem se esquece de que a fonte, por mais abundante, pode secar. Ela organiza festas, planeja viagens, resolve os eventos que deveriam ser comemorativos, mas que a todos angustiam — menos a ela, ao menos na superfície. Parece gostar, ou assim se esforça para demonstrar. O que se passa nos bastidores, no entanto, é mistério que ela guarda com a devoção de um eremita ao seu silêncio.

Carol, para mim, é como um romance de mistério, desses cuja trama se desvela vagarosamente, página após página, sem garantias de final. Vivi ao lado dela todos esses anos — sou o irmão — e ainda assim me percebo incapaz de descrevê-la além do que já disse. Ela permanece uma incógnita, um enigma no seio da família. Desvela-se aos poucos, com a parcimônia dos que conhecem o valor da confiança, exigindo tempo e paciência de quem deseja conhecê-la de fato — qualidades raras, quase extintas. Muitos, por certo, não terão disposição de esperar. Azar deles. Carol é assim, e quem quiser se achegar, que saiba aguardar. Eu mesmo, que compartilho o sangue e a casa há 23 anos, ainda espero. Que resta aos recém-chegados, senão a fila?

***

Quando Carol anunciou que se dedicaria à pintura, ninguém em casa se espantou. Desde criança revelava um talento invulgar para as artes manuais, e sua mente — esse labirinto tão intrincado — concebia ideias que, não raro, escapavam à compreensão dos mortais comuns, nós inclusos. Criativa ao ponto do desconcerto, era capaz de suscitar espanto e desconfiança nas mesmas proporções.

Houve uma ocasião em que, fascinada por Da Vinci — lenda que absorvera por meio de leituras copiosas —, decidiu enveredar-se pela marcenaria. Sua ambição era construir, com as próprias mãos, uma maquete da casa que teria quando, enfim, escapasse da tutela familiar. Percorria a casa em andanças meditativas, falando sozinha como um monge que recebe revelações:

— Se há cinco séculos Da Vinci conseguiu se destacar, imagine eu, agora, com tanta tecnologia à mão. Minhas chances de grandeza são imensamente maiores.

Voltava à leitura e ao projeto, absorta como quem busca decifrar o universo. E, de fato, ao cabo de dias de labor silencioso, surgia a casa: dois andares, madeira de reflorestamento, múltiplas janelas, porta frontal e posterior. Ocupava o volume de uma televisão de 32 polegadas e, dada a escala, não passava despercebida. Visitantes, atraídos pela curiosidade ou pelo simples decoro social, detinham-se ante a obra e julgavam-na digna de comentário. A regra era invariável: elogio seguido de crítica — ambos não solicitados, ambos tolerados. Um dizia: “Linda! Essa menina nasceu para a construção civil, mas talvez faltasse um toque de modernidade, uns cantos arredondados, como nas casas de arquiteto famoso.” Outro: “Você tem talento, Carol, mas se fosse menor e feita em cedro, ficaria perfeita.” Aquelas intervenções, que só existiam para existir, eram recebidas com polida indiferença.

No domingo seguinte, dia de festa familiar — aniversário de um dos irmãos, ocasião propícia para o desfile de críticas mascaradas de afeição —, após nova rodada de comentários sobre a maquete, Carol ausentou-se da mesa em silêncio. Alguns minutos bastaram para que um odor acre de madeira queimada invadisse a casa. O alarme foi geral. Corremos até o fundo e a encontramos ali, diante de uma fogueira improvisada. A maquete ardia em chamas. Antes que alguém pudesse se indignar, ela virou-se com placidez:

— Pronto. Agora, sim, está perfeita. Agradeço a todos pelas contribuições.E retornou à mesa, como se nada tivesse acontecido.

Não muito tempo depois, a vocação pela arquitetura — ela mesma outorgou-se tal título — levou-a a reconfigurar a casa inteira. Assumia todos os papéis: projetista, desenhista, paisagista, executora, e até mesmo técnica em desenho técnico, disciplina que dominou em poucos dias. Redispôs os móveis em obediência a princípios orientais que, segundo ela, promoviam harmonia. A horta, antes negligenciada, ganhou contornos artísticos com suculentas e orquídeas remanejadas. Foi uma semana de barulho e de súplicas por licença. Nenhum cômodo escapou à sua intervenção. Exceto o meu. Ali, protestei com vigor. O território era meu, e suas ideias, embora engenhosas, não me agradavam. Ela se ofendeu, é claro, mas acatou. O restante da casa estava à sua mercê.

Mamãe e papai, como de costume, preferiram não interferir. Não por indiferença, mas por convicção. A única fronteira imposta era a da sobrevivência: intervenções que ameaçassem a vida eram vetadas. O resto, liberado. Afinal, diziam, o que é a educação senão a permissão para que os filhos se expressem criativamente? Papai, especialmente, nutria essa crença com fervor quase doutrinário. Desde que me entendo por gente, chegava-lhe mensalmente uma revista de psicopedagogia — dessas que prometem revoluções no ensino e que, misteriosamente, não trazia remetente nem destinatário. Só endereços. Papai lia, aprendia, depois reembalava e reencaminhava ao correio, na esperança de corrigir o erro. Ninguém reclamou nunca. E como o conteúdo lhe agradava, leu todas religiosamente. Atribuo a isso sua singular habilidade em “educar”. Certa vez, deparei-me com um artigo desses, intitulado: “Como o sistema assassina a criatividade das crianças — e como evitar o crime.” O verbo “assassinar” saltava das páginas. Nunca esqueci.

Quando enfim a redecoração terminou, recebemos a visita do vizinho, velho conhecido dos pais. Ele, que se vangloriava de memória fotográfica e senso estético refinado, percorreu cada cômodo — ora elogiando, ora criticando — numa ladainha sem fim. Carol, paciente, acompanhava-o como anfitriã exausta. À noite, após tantas voltas e falas, ela recolheu-se à varanda e deixou-se balançar na rede. O rosto inexpressivo denunciava que trabalhava, por dentro, suas emoções e ideias. Sabíamos o que viria: após essa introspecção, uma nova obra nasceria — como as outras, fruto de uma gestação silenciosa e um parto teatral. A próxima empreitada, intuímos, já estava a caminho.

***

Encerrada a fase de designer de interiores — título que ela mesma conferiu, sem consulta prévia —, Carol lançou-se às artes da pintura com a devoção de uma convertida. Durante quatro semanas, o antigo quarto de hóspedes metamorfoseou-se num ateliê onde ela se internava, qual monja em retiro espiritual, emergindo apenas nos horários das refeições, com os cabelos presos num coque apressado, as mãos tingidas de cores indecifráveis e uma expressão solene de missão cumprida. Não nos foi dado acompanhar o processo, o que, como era de se esperar, fez crescer a curiosidade — sentimento que, em nossa casa, raramente encontrava consolo.

A única alma suficientemente destemida para tentar arrancar-lhe alguma informação era mamãe, cuja coragem, ou talvez imprudência, levava-a a interpelar a artista nos raros momentos de descompressão:

— O que fazes aí, minha filha?

— Pinto um quadro — respondeu, sem tirar os olhos do prato.

— E o que será? Uma paisagem, talvez? — arriscou mamãe, em tom conciliador.

— Uma obra de arte que há de lhes provocar sensações jamais vividas, emoções maravilhosamente inexplicáveis... e uma pitada de terror.

Seguiu-se um silêncio glacial.

— Mas, afinal, do que se trata? — insistiu mamãe, já arrependida.

— Vocês testemunharão em breve — concluiu Carol, com uma calma que, por si só, já era ameaça.

Mamãe estremeceu. Papai e eu trocamos olhares como conspiradores flagrados. Um arrepio — desses que nos pegam desprevenidos — percorreu os braços de ambos, enquanto, por instinto de sobrevivência, desviamos o assunto para terrenos menos pantanosos, como a política nacional ou a economia doméstica, onde ao menos as incertezas eram previsíveis.

***

Esquecêramos, com a pressa dos dias comuns, da aventura de Carol pelo mundo das artes plásticas. Até que um episódio inusitado restituiu-nos a lembrança.

Certa manhã, papai, acometido de uma inquietação que atribuiu à carência cultural — diagnóstico tão repentino quanto impreciso —, decidiu que devíamos ir ao teatro. Visitou-nos, um a um, em nossos domínios, e apresentou o convite como se fosse proclama régia: eloquente, nostálgico e um tanto carente. Mamãe e eu acatamos, sem delongas, mas Carol declinou com polidez meticulosa e a promessa de redenção futura. Foi a primeira vez que saímos deixando um de nós para trás.

— Ela pediu para ficar — disse papai, a voz tingida de mágoa mal contida.— Só me faltava essa. E qual foi a desculpa? — quis saber mamãe, já inquieta.— Alegou ter sido assaltada pela inspiração e que não se deve desperdiçar presentes tão raros.

Era Carol em estado puro. Respeitá-la era mandamento tácito.

O teatro ficava a vinte minutos a pé. Assistimos a duas peças, rimos, aplaudimos — como manda o figurino —, e regressamos sob o esplendor do pôr do sol, satisfeitos e leves, ignorantes do que nos aguardava. Ao cruzar o umbral da casa, paramos, como se atingidos por um raio. Lá estava ele. O quadro.

Pendurado na maior parede da sala, dominava o ambiente com uma presença que transcendia a arte. Era impossível ignorá-lo — qualquer tentativa soaria blasfema. Mesmo oculto num canto escuro, ele teria se imposto, como divindade entre mortais. Aproximamo-nos, trêmulos, como quem caminha em direção ao sagrado.

Imenso, quase tocava o teto e, por pouco, não roçava o chão. A forma como chegou até ali permanece, até hoje, envolta em mistério. Naquele instante, tal questão era irrelevante. Toda a nossa atividade cerebral convergia para a contemplação daquela obra que, em sua perfeição — tanto para o bem quanto para o mal —, exigia nossa rendição. Nem mesmo a Trindade, creio, haveria de se manter impassível diante de tamanha majestade.

Ficamos ali, absortos, enquanto o tempo, esse tirano, perdia seus contornos. Minutos ou horas — que diferença faz? O sangue me subiu à cabeça como torrente, aquecendo-me o rosto em chamas, enquanto mãos e pés gelavam, distantes do fluxo vital. Sentei-me, sob pena de cair. A mente fervilhava; sentia-me além do homem, um novo ser, talvez. Um salto evolutivo em carne e osso.

Despertei, não sei quanto tempo depois, do torpor e busquei meus. Mamãe, estática, chorava lágrimas translúcidas, que a luz dourada do crepúsculo transformava em diamantes. Papai, em silêncio reverente, sentara-se numa poltrona — antes arrastada, sabe-se lá como — diante do quadro, sorrindo como um bem-aventurado. Carol, entretanto, não estava. Mas sua ausência, nesse instante, era mera nota de rodapé. O quadro era o tudo.

A voz dela, ao surgir, rompeu o feitiço.

— E então, o que acharam? — perguntou, como quem indaga sobre a previsão do tempo.

Viramo-nos em uníssono, incrédulos. A indiferença dela nos feriu. Como podia ela, a autora, mostrar-se tão alheia ao êxtase que nos possuíra? Houve, confesso, um surto de raiva. Mas logo compreendemos: Carol era imune à sua própria criação. Talvez, esta fosse a sina do artista verdadeiro — não cair sob o jugo da própria obra.

Mamãe, como que tomada por fervor profético, foi a primeira a romper o silêncio:

— Excelso e magnífico. Não há nada — nada, minha filha — que se iguale a esta preciosidade. Bendito seja o fruto de tua criação, único e eterno. Que teus feitos sejam proclamados entre todas as nações da Terra.

Aproximou-se, e a abraçou. Seguimos, eu e papai, como fiéis em romaria. Aquilo era mais que gratidão: era reverência. E Carol, no centro, recebia nossa adoração com a mesma serenidade de quem sabe que fez o inevitável.

***

Os dias seguiram-se, e não posso dizer que nos acostumamos à presença do quadro. Antes, travávamos uma batalha interior: era necessário deixá-lo de lado, esquecer, ainda que por instantes, sua existência esmagadora, para que a vida — essa entidade capenga — seguisse. Com esforço, e não sem protestos por parte de minha irmã, logramos algum sucesso. A rotina, à sua maneira falha, retomou um contorno minimamente aceitável, até que começaram as visitas.

Num domingo qualquer, daqueles batizados por efemérides familiares, convidaram-se alguns parentes para o almoço. Passamos mais tempo vigiando o quadro — vigilância quase sacerdotal — do que comendo ou conversando. Nenhuma crítica, nenhum senão, nenhum suspiro de discordância: apenas louvores, não raro dirigidos ao próprio quadro, como se este, mais que pintura, fosse ente vivo — e talvez fosse.

A influência da obra variava conforme a alma de quem a fitava — efeito similar ao de alucinógenos, com a diferença de que ninguém precisava ingeri-lo. Bastava ver. Tia Ana, cuja fama de cética e racional precedia os passos, sentou-se junto ao quadro, uma xícara de café nas mãos, e dali brotou um monólogo que se estendeu por horas, talvez dias. Desde então, passou a frequentar-nos diariamente: chegava, instalava-se ao lado da pintura e se derramava em palavras, lágrimas, risos — um espetáculo que, estranhamente, a curou de sua melancolia. Após insistência de mamãe e visível melhora no prognóstico, reduziu as visitas.

Tio Bento, por outro lado, nunca mais foi visto. Divorciado e sem filhos pequenos, converteu-se em nômade digital. Mês passado, Bangkok; ontem, Estocolmo. Mariana, prima de segundo grau, divorciou-se e casou-se com José Eurípedes, o vizinho — paixão antiga que, até então, resistia à concretude. Elaine, a melhor amiga de Carol, abandonou a medicina e rumou para estudar aquacultura, paixão recente e inexplicável. O antigo proprietário da casa, velho conhecido, visitou-nos certa tarde e mal suportou a visão do quadro. Saiu apressado, e dois dias depois, suicidou-se. Assim foi. Todos os que cruzaram com a obra foram transfigurados: uns para o bem, outros rumo à loucura ou à morte.

Nós, residentes da casa, tampouco escapamos incólumes. Mamãe e papai tornaram-se amorosos ao ponto da pieguice. Pediram demissão dos empregos e abriram negócios próprios: ela, uma padaria; ele, uma escola de idiomas. Eu, estudante dedicado, à caça de bolsa para um curso preparatório de diplomacia, abandonei tudo e tornei-me escritor — está aqui o fruto.

E Carol? Ela observava o alvoroço entre risos e blasfêmias, rindo dos bons desfechos, praguejando os trágicos, como de costume. Um dia, bateu à porta do meu quarto com ar de confissão.

— Posso entrar, irmão? Muito ocupado?

Estava à escrivaninha. Virei-me e a encarei.

— O que lhe aflige, irmã? Teu rosto te denuncia.

Ela jogou-se sobre a cama com um suspiro, os olhos voltados ao teto.

— Às vezes, o sentimento de culpa me aperta e não me deixa dormir. O medo do que está por vir sufoca. Penso em destruir o quadro.

Senti, naquele instante, uma pontada no peito, tão aguda quanto inexplicável. Meu ímpeto foi gritar: “Mulher, perdeste o juízo? Atentas contra o mais precioso dos bens que já habitou este mundo?”, mas contive-me. O quadro não me pertencia. Restava-me ouvir, consolar e, se possível, ser apoio.

— Por que pensas assim, irmã? Aceitaste com prazer o bem que te trouxe, mas recusas o mal? São inseparáveis. Onde há luz, haverá sombra. Irmãos gêmeos, indissociáveis.

— Tenho ciência disso. Bem e mal — a vida na Terra, como dizes. Mas pergunto: não seria possível esconder para sempre um dos lados da moeda? Extirpar um dos irmãos? Descartar a unha, poupar a carne?

— Mas e se a carne não sobreviver sem a unha? E esconder é destruir? Você sabe aonde quero chegar.

— Compreendo. Meu dilema é retórico. O difícil é aceitar a existência de ambos.

— Reconhecer não é agir. O bem e o mal existem no universo, mas é tua escolha sobre qual se debruçar. A tua obra é única e magnífica. Tu a sonhaste e a materializaste. Agora, o efeito que provoca nas pessoas não é mais teu. As escolhas são delas. Teu quadro está entre a pólvora, o avião, o dinheiro e a Bíblia: uns usam para o bem, outros para o mal.

— Obrigada, irmão.

Levantou-se e saiu. No dia seguinte, já estava trancada no ateliê.

***

Com o correr dos dias — ou semanas, pois já não distinguíamos o tempo com precisão e, francamente, perdêramos o interesse —, a notícia do quadro espalhou-se feito heresia em tempo de fé frágil. Ao princípio, um ou outro curioso batia à nossa porta, sempre com a polidez que apenas os desconhecidos se permitem. Depois, vieram aos pares, em trios, e então em pequenos grupos, como se estivéssemos às vésperas de algum evento sagrado. Quatro visitas por semana ainda eram gerenciáveis — um incômodo palatável, como um leve ruído de fundo em noite insone. Mas logo as visitas se tornaram contínuas, quase litúrgicas, e o incômodo evoluiu para verdadeira invasão. A questão impôs-se à mesa: permitiríamos que o lar fosse usurpado pela turba?

— Não me agrada abrir as portas de nossa casa a estranhos — declarou papai, em seu tom de juiz fatigado, que desejava, acima de tudo, o sossego perdido.

— Creio que todos compartilhamos de teus sentimentos, papai. Mas tens alguma solução, ou preferes apenas manifestar tua contrariedade? — indagou Carol, com aquele timbre que mesclava deferência e desafio, uma arte que poucos dominam.

Foi então que mamãe, sempre pragmática e de espírito mais terreno, lançou sua proposta com a segurança de quem já ponderara todas as consequências:

— Vamos monetizar. Visitas pagas, com direito a guia. Quem sabe até camisetas, chaveiros, e, por que não, réplicas em miniatura?

— E transformar nosso lar em museu? — objetou Carol, com olhos que mesclavam indignação e incredulidade.

— Estamos mais para Meca do que Louvre — arrisquei, com aquele humor nervoso que serve de escudo diante do absurdo.

— Oxi! Peregrinações já se fazem por muito menos: estátuas de barro, fragmentos de pano, poços d’água com pretensos poderes. Por que, então, algo tão magnífico, de beleza rara e execução irrepreensível, não há de merecer igual reverência? — sentenciou papai, como quem já perdera a guerra, mas exigia ao menos a honra da última palavra.

Aquela fala, ao mesmo tempo solene e risível, encerrou o debate. A decisão foi unânime, ainda que relutante. No dia seguinte, lançamos mãos à obra, e o que era lar começou a metamorfosear-se em santuário — ou galeria, como preferíamos chamá-lo, para disfarçar o tom sacro. A construção se daria nos fundos da casa, discreta, mas não modesta. Carol, como era previsível, abandonou sem remorso a pintura que estava em curso — e, como quem muda de pele, reassumiu o papel de engenheira-arquiteta-projetista, comandando o novo projeto com a habitual obsessão. Nós, rebaixados à condição de ajudantes, executávamos suas ordens com a resignação de devotos.

E assim, transformamos o ordinário em culto — e o culto, como todos os cultos, em negócio.

***

Em sete dias — número que, a depender da crença, é divino ou apenas um acaso bem medido —, tudo estava pronto. A galeria erguia-se nos fundos do quintal como uma espécie de templo profano, consagrado a uma divindade de pincel e tela. Sua estrutura, toda de madeira, possuía um formato retangular austero, porém solene, com pé direito alto, o bastante para criar nos visitantes a sensação de pequenez reverente. Antes de se adentrar aquele espaço — que não era lar, tampouco salão, mas outra coisa, indefinível —, havia um trecho de terra batida onde repousava, solitária, uma pia circular de bronze. Nela, cada visitante deveria lavar as mãos, num gesto que mesclava o asseio ao rito, como se a limpeza do corpo pudesse, por acaso, apaziguar o espírito.

Não havia porta. Em seu lugar, como sentinelas imóveis, erguiam-se cinco colunas quadradas, douradas, esculpidas com relevos retangulares, dispostas paralelamente, espaçadas o bastante para permitir a travessia de um corpo, não sem antes causar-lhe hesitação. Logo após as colunas, uma cortina de linho vermelho, espessa e grave, tombava até o chão, ocultando os mistérios do interior e conferindo à entrada uma aura de segredo e sacralidade.

Transposta a cortina, havia dois ambientes. O primeiro, uma antessala. À direita, uma mesa estreita, retangular, onde comidas cuidadosamente dispostas aguardavam olhos famintos e bocas silentes. À esquerda, sete luminárias de chão — não seis, nem oito —, dispostas ao longo da parede, vertendo luz âmbar, morna, quase uterina. No centro, um incensário mantido sempre aceso por Carol, exalando um aroma indefinível, misto de resina, terra e memória. Ao atravessar aquele ambiente, o visitante encontrava outra cortina, também vermelha, com detalhes dourados na barra, ladeada por duas colunas idênticas às da entrada. Atrás dela, como o Santo dos Santos, repousava o quadro.

A obra — ou criatura, ou enigma — estava posicionada no centro da sala, sobre um cavalete dourado. Holofotes instalados no teto e no chão incidiam sobre a tela, conferindo-lhe uma luminosidade quase sobrenatural. Logo atrás do quadro, como um convite ou uma escapatória, havia a porta de saída.

Carol não havia criado apenas uma galeria. Criara uma experiência — uma via-sacra estética, uma travessia sensorial — que logo atraiu murmurinhos, depois rumores, e finalmente devoção. O quadro transformou-se no que profetizáramos, um objeto de peregrinação. E as multidões vieram. Vieram como se guiadas por alguma bússola invisível, atravessando oceanos e fronteiras, indiferentes ao valor cobrado — que aumentamos, é verdade, numa tentativa vã de conter o fluxo. Em vão. O valor subia, mas os fiéis também.

Nossa vida, transformada da água para o vinho, parecia ter-se tornado um banquete perpétuo — e que vinho, aliás, oneroso e azedo. No princípio, a novidade nos embriagava. Depois, o peso da rotina e a tirania da expectativa nos exauriram. Quando já não suportávamos mais — prontos a abdicar de tudo, a incendiar templo e quadro —, a salvação veio do improvável. Uma curadora do Guggenheim, em visita casual, ofereceu uma residência artística a Carol. E ela, para nosso alívio, aceitou de pronto, guiada por nossos olhos súplices e talvez também pelo cansaço que lhe tomava os ossos.

Assim, o quadro transcendeu os limites de nossa casa e da nossa paciência. Ganhou o mundo, e, com ele, a eternidade.

***

Primeiro o Guggenheim, depois Brandhorst, Georges Pompidou, Hamburger Bahnhof, Hermitage, Moderna Museet, Tate Modern, Louvre, Inhotim, museus de arte contemporânea de Tóquio, Xangai, Nova Iorque, e tantos outros — um rosário interminável de templos profanos por onde o quadro passava, arrastando atrás de si multidões sedentas. Em cada parada, filas que dobravam quarteirões, multidões em êxtase, olhos febris diante da promessa de ver o inefável.

Acompanhávamos essa via-crúcis moderna pelas emissoras de televisão, pelas manchetes de jornais e, sobretudo, pelas redes sociais — confessionário universal onde famosos, críticos, políticos e artistas despejavam relatos extasiados, tentando, em vão, traduzir em palavras a experiência mística de contemplar a obra. Cada um, como profeta de si mesmo, narrava sua epifania particular: como o quadro mudara suas vidas, como suas almas haviam sido lavadas, como jamais seriam os mesmos. O mundo, em uníssono, parecia cantar hinos ao quadro.

E com a glória vieram os fanáticos, que sempre aparecem quando se toca o sublime. Alguns clamavam que a perfeição da obra ultrapassava as fronteiras humanas. Protestantes ocupavam púlpitos, bradando que Carol fora tocada por Deus, ou possuída pelo Espírito Santo, ou que Jesus lhe soprara os traços ao ouvido. Católicos, não querendo ficar atrás, envolviam Maria na autoria e exigiam a canonização da pintora. Muçulmanos atribuíam a criação a Alá; judeus, a Yahweh. E todos, com santa indignação, irritavam-se quando Carol, firme como sempre, recusava toda e qualquer intervenção divina. Preferia o silêncio à bajulação.

Outros, mais afeitos ao mistério do mal, murmuravam que o quadro era fruto de um pacto com Lúcifer; espíritas evocavam entidades desconhecidas; místicos falavam em egrégoras, gnose, transes. Os poucos sensatos — feministas, humanistas, incrédulos por vocação — sustentavam que uma mulher, e apenas ela, poderia ter criado tal maravilha. E assim o mundo se digladiava, como era de se esperar, não pelo quadro em si, mas por seu autor invisível.

Enquanto isso, talk shows, debates, entrevistas se multiplicavam, prometendo desvendar a origem da obra. Quem seria o verdadeiro autor? Um tempo de vida não bastaria para assistir a todas as teorias, como também não bastaria para silenciar a discórdia.

E então vieram os protestos. Em várias nações, sobretudo as mais devotas, líderes comunitários, religiosos e políticos de todos os matizes organizavam passeatas — uns em defesa do quadro, outros contra sua influência “herética” ou “divina”, conforme a leitura. Cidades inteiras, onde a obra jamais pisara, exigiam sua visita, clamavam pela bênção do olhar. Outros, mais ambiciosos, pleiteavam o tombamento do quadro como patrimônio da humanidade, exigindo que ele permanecesse fixo em seus respectivos países, como se fosse possível aprisionar o infinito. Historiadores e antropólogos, acostumados às proporções do passado, declaravam que nem o Graal, nem o Santo Sudário provocaram tanto frenesi. Estudiosos mais soturnos, em tom de oráculo, vaticinavam desgraças. E logo, como nos velhos tempos, rumores de uma terceira guerra mundial começaram a sussurrar pelos corredores da civilização.

No meio desse tumulto quase apocalíptico, Carol nos ligava. Raramente. Mamãe e papai, preocupados como sempre, prolongavam-se no telefone, suplicando que ela voltasse para casa, como se os muros domésticos fossem bastião contra o caos.

Carol e eu trocávamos e-mails diariamente. Eram suas confissões íntimas, desabafos de uma alma inquieta:

“Irmão,

Hoje conheci o Papa — um velhinho sisudo, enérgico e, admito, surpreendentemente simpático. Conversamos longamente sobre religião e arte. Senti-me à vontade. Ele é um dos poucos fiéis que não foi envenenado pelo proselitismo cristão. Suas ideias de reforma não cabem no tempo em que vive. Duvido que dure muito.

A rainha Elizabeth — sim, aquela — ‘NOS’ convidou para um almoço em Buckingham. Note a conjugação: todos os convites vêm primeiro endereçados ao quadro, depois a mim, como se ele próprio pudesse responder. Respondi, gentil, mas pedi que remarcassem. Já estava agendada uma conferência com Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, que aguardo com expectativa.

O sentimento de culpa ainda me ronda. Às vezes olho o quadro e sinto um medo opressor. Sua presença me constrange. É como se fosse um ser Rodiniano — imóvel, mas a ruminar — tramando a realização de sua vontade oculta. Dias atrás, vi uma folha cair e tive a certeza de que ela só caía porque ele permitia. A cada dia tenho mais medo.

Já passei horas diante dele, tentando sentir o que sentem, mas vejo apenas uma pintura — que, confesso, nem acho tão perfeita assim. Será que depositei amor e dedicação em demasia?

Cheguei a uma conclusão amarga: as pessoas investem objetos com o amor que deveriam destinar a si mesmas. Se culpam tanto por suas vidas medíocres que não se permitem amar. Uma tristeza profunda.

Penso que eu deveria criar algo que ensinasse o amor-próprio. Mas para criar, é preciso destruir. Esquecemo-nos disso. É necessário destruir o inútil, o supérfluo. Só assim há espaço para o novo.

Preciso ir. Em breve, atualizo-te de tudo.

Beijos, Carol.”

O e-mail vinha acompanhado de fotos. Carol, pelo mundo, cercada de grandiosidades e de uma paz inquietante. Seu semblante, sereno e sólido como sempre. Duvidei, por instantes, da veracidade de seu sorriso. Mas descartei a dissimulação: Carol era imune ao espetáculo. Imutável. Admirável.

Sabíamos que por trás daquela tranquilidade repousava um mar profundo — turvo e insondável. Suas maiores angústias não eram o que o mundo fazia do quadro, mas o que ela própria fizera do mundo. Preocupava-se, antes de tudo, com a extensão de sua obra. Com a sombra que projetava.

Estávamos saudosos. E naquela noite, ao deitar-me, tive a certeza incômoda de que veríamos Carol mais cedo do que esperávamos.

***

O dia amanheceu de modo indecente — um sol vigoroso, quase insolente, rasgava o céu limpo deste lado do mundo. Havia algo de cínico nesse clarão, como se o próprio universo zombasse da nossa fragilidade. Era uma luz que não aquecia, apenas iluminava, denunciando os escombros morais e sociais de um planeta exaurido pela própria idolatria.

Os protestos, que antes soavam como gritos de fervor, agora perdiam fôlego em certas partes do globo. Em outros cantos, contudo, tornavam-se mais intensos, violentos, irrefreáveis. O mundo, fatigado por sua própria agitação, suplicava por uma trégua — um suspiro entre as crises, um intervalo entre os delírios. Mas a História, essa senhora desalmada, jamais concede descanso aos tolos.

Tivemos, por um instante, a ilusão pueril da paz. Como uma brisa passageira, um resquício de normalidade nos tocou... e evaporou-se. Era apenas o silêncio que precede o trovão.

No extremo leste, a tragédia se adensava. Kim Jong-un, o eterno líder supremo da Coreia do Norte, proclamou em cadeia nacional — olhos fixos, sorriso de aço — que o quadro lhe pertencia por direito ancestral. Alegava que era a encarnação do “Espírito Celestial da Arte” e que a posse do quadro era condição inegociável para a manutenção da paz. Deu ao mundo um ultimato: ou a obra seria enviada a Pyongyang em quinze dias, ou haveria retaliação. Bélica. Nuclear.

Não era mais arte. Era guerra.

A comunidade internacional vacilou, paralisada pelo abismo entre o absurdo e o real. Alianças se estremeciam, chanceleres suavam em seus ternos, e as nações — todas, sem exceção — tornavam-se reféns de uma pintura. E, ao fundo, pairava a figura de Carol, cada vez mais mítica, cada vez mais ausente, como se tivesse adentrado um plano inacessível ao resto da humanidade.

Nosso lar, antes mero palco de tragédias domésticas e ternas excentricidades, agora era citado em relatórios da ONU, em dossiês secretos, em discursos inflamados. Um ponto invisível do mapa — e, ainda assim, o epicentro do colapso.

Daquele dia em diante, os relógios pareceram acelerar, como se o tempo também quisesse se livrar da agonia que se aproximava.

E o céu continuava claro, cruelmente claro.

***

Na semana seguinte, Carol retornou. Nenhum alarde, nenhuma pompa. Veio só, uma mala discreta na mão e a sombra de um cansaço ancestral no olhar. O mundo, naquele momento, ainda ecoava em protestos, mas em nossa casa reinava o vácuo. Um silêncio aturdido que parecia aguardar algo, ou alguém. O quadro havia desaparecido.

Como? Ninguém sabia.

Quem? Suspeitos não faltavam.

Desde nações inteiras com seus exércitos e cofres inesgotáveis, até cidadãos comuns movidos por paixões fanáticas. Todos eram alvos de especulação. A ausência do quadro tornara-se o novo centro do mundo. E não se falava em roubo — era “o maior roubo da história”, “um atentado à humanidade”, “um ato de terrorismo cultural”. O quadro desaparecera justamente quando mais se desejava sua posse. No instante em que ele se tornara mais valioso que o ouro e mais cobiçado que a paz.

A última exposição fora nos Países Baixos. Lá estava, lá não mais. Simples assim. Nenhum vestígio, nenhuma câmera, nenhum ruído. Como se jamais tivesse existido. O ladrão, se ladrão houve, era de uma perícia divina — ou demoníaca. Comentava-se que talvez nem Sherlock Holmes nem Hercule Poirot, unidos em gênio e método, decifrassem tal enigma. O sumiço se tornara fábula, com requintes Agathianos. Mas o mistério pairava como uma névoa, densa e pegajosa.

Carol não deu entrevistas, não fez pronunciamentos, não prestou queixas. Apenas chegou e, em sua calma usual — que agora nos parecia sobrenatural —, disse que precisava descansar. Pediu que dispensássemos jornalistas, curiosos, bisbilhoteiros e demais especuladores. À noite, prometera, nos daria um relatório. Era assim que se referia aos seus relatos — “relatório” —, como se o mundo fosse uma equação que ela se dispunha a resolver.

A mesa de jantar estava posta. Mamãe, papai e eu, todos sentados em silêncio de mármore, à espera. O tempo parecia coagulado. Quando Carol finalmente surgiu, caminhava com a leveza de sempre, como se nada no universo pesasse sobre seus ombros. Sentou-se, serviu-se de café, e, entre um gole e outro, quebrou o silêncio com a naturalidade de quem comenta o tempo:

— Queimei o quadro.

As palavras tombaram sobre nós como pedras. O silêncio que se seguiu era espesso, quase tangível. Olhei para meus pais. O horror ainda em formação nos olhos deles. Havia algo de sagrado — ou profano — naquela revelação. Antes que protestos brotassem, tomei a palavra, mais como um gesto de misericórdia do que de coragem:

— Direito seu. O quadro era sua criação, e a ti cabia o destino dele. Não é, mamãe? Papai?

Ambos hesitaram. Um “sim” frouxo escapou de seus lábios, como que coagido pelas circunstâncias. Em seguida, a lucidez os tocou — ou o medo — e os Sims seguintes foram mais firmes, quase aliviados.

Carol nos olhou com serenidade.

— Espero que compreendam — disse. Levantou-se e, com a tranquilidade que lhe era peculiar, anunciou: — Hoje irei ao mercado comprar argila. Estou com uma ideia para uma escultura. Alguém me acompanha?

Mamãe assentiu, ainda atônita. Papai apenas balançou a cabeça, sem palavras. Algo, contudo, ainda nos inquietava, um último fragmento de dúvida não resolvida. Foi mamãe, a mais corajosa entre nós, quem ousou perguntar:

— Filha... como você transportou aquele quadro, daquele tamanho, para a sala?

Carol deu de ombros, um leve sorriso nos lábios. Não disse palavra.

E assim, fomos todos ao mercado.

Atrás de nós, o mundo ardia em suposições, e as cinzas do quadro, se cinzas houve, misturavam-se ao vento, carregadas por mãos que jamais saberemos se foram humanas.


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Se você chegou até aqui, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.


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