VIAGEM SARTREANA — um poema existencialista
- Pedro Sucupira
- 18 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de mai.
Esperava mais deste lugar.
Tão mal acostumado estava eu
à vida medíocre que levava,
que decidi viajar.
Mas que arrependimento.
A escolha — mal feita.
A hesitação foi longa,
o medo de errar paralisante.
Quando enfim escolhi,
escolhi o caminho errado.
Arrependimento.
Ressentimento.
Desejo de retorno.
Queria reverter o tempo,
mudar a direção,
escolher outra rota,
outra realidade, talvez.
Escolher é um martírio.
Não gostei deste hotel.
Não gostei deste país.
Não gostei de mim.
Diante da vida que se esvai
a cada escolha consumada,
nada me agrada.
Só queria ser menos aquele eu,
e mais este
este que também não sei se sou.
E se eu nada fosse?
Ser o nada... é morrer.
Ainda não.
Ainda é cedo.
Muito jovem.
Muitos lugares ainda por visitar,
por sofrer.
A experiência, dizem,
precede a essência.
E a minha essência
já a esqueci.
Viajo pelo ato de viajar.
Percorro ruínas com os pés e com os olhos.
Aonde quer que eu vá,
há sofrimento.
O homem é o pior animal:
mata, destrói, consome,
como se fosse parte de sua essência
ou de sua falta.
Só vejo morte.
Só vejo decrepitude.
E sigo.

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Se você chegou até aqui, após a leitura desse poema existencialista, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.
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Fonte foto de capa unsplash.com
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