SALMO DA COVARDIA
- Pedro Sucupira
- há 3 dias
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Atualizado: há 2 dias
Ao que habita no esconderijo, que na sombra descansa, refugiado na fortaleza, permanece escondido.
Acredita no livramento, crê que a peste não o alcança. Asas sombrias o cobrem, e a verdade única — essa muleta — é escudo de sua covardia.
Tolo pobre, pobre tolo, desiludido, fabricante de terrores noturnos, temente à seta que voa ao meio-dia, assustado com a peste imaginária que ronda no escuro.
Imaginas-te vitorioso, o escolhido entre mil e dez mil. Crês em feridas sem corpo, inventas inimigos. Classificas os outros: diferente, ímpio, profano.
Crês que eles contemplarão tua vitória, enquanto aguardas a punição dos ímpios. No Altíssimo fruto do teu delírio, fizeste morada. Rejeitas o progresso, vives no retrocesso.
Ainda moras em tendas, temes pragas inexistentes, acreditas em hominídeos alados, seres celestiais servos do servo.
Evitas o tropeço, desprezas o erro, te recusas ao crescimento. Permaneces infantil no esconderijo do Altíssimo. Medíocre.
Pisarás o leão e a cobra, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente, se — e apenas se — a barganha se efetivar.
Amou-me, pois também te amarei. Amou-me, pois também te livrarei. Pô-lo-ei em retiro alto, pois conheces o tal nome.
Ele invocará, procurará, mas nada encontrará. Sozinho permanecerá na angústia. Fartá-lo-ei com anseios de morte, pois o barganhista jamais prevalecerá.
De minha salvação não se deleitará. Não mais altar, não mais bênção — só silêncio e ausência em tua oração vazia.

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Se você chegou até aqui, após a leitura desse poema que a transgressão de um salmo, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.
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