O Homem de Giz, C. J. Tudor.
- Pedro Sucupira
- 25 de fev. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de mai.
O Homem de Giz C. J. Tudor, é um prato cheio para quem aprecia mistérios com atmosferas sombrias e passados mal resolvidos. A narrativa acompanha um grupo de amigos de infância que, após um acontecimento trágico, precisa revisitar o passado para desvendar segredos enterrados, tanto no sentido figurado quanto literal. A estrutura do romance alterna entre dois momentos da vida do protagonista, nos anos 1980 e 2016, criando um vai-e-volta narrativo que instiga o leitor a montar, peça por peça, o quebra-cabeça da história.

Logo nos primeiros capítulos, é impossível não traçar paralelos com o universo de Stephen King, especialmente com It: A Coisa. A ambientação com personagens adolescentes, bicicletas, pactos silenciosos e um vilarejo aparentemente tranquilo, mas repleto de segredos, parece beber diretamente da fonte do mestre americano do horror. No entanto, C. J. Tudor entrega uma versão mais contida, mais sóbria, sem elementos sobrenaturais explícitos, mas com uma tensão psicológica constante.
A escrita é simples, direta e acessível, o que torna a leitura fluida e dinâmica, especialmente no início. A autora sabe construir o mistério com competência e dosa bem a curiosidade do leitor nas primeiras cem páginas. Há ali um clima de suspense clássico, com direito a mensagens anônimas, sinais misteriosos, os famosos desenhos de giz, e cadáveres surgindo onde não deveriam estar.
Contudo, apesar do início promissor, o ritmo da narrativa perde força ao longo do livro. O enredo, que se inicia com tensão crescente, torna-se, em alguns trechos, arrastado, com desvios que parecem mais encher espaço do que aprofundar a trama. O excesso de reviravoltas (plot twists) — alguns bem-vindos, outros previsíveis — acaba diluindo o impacto final da história. Há um ponto em que a surpresa, usada em demasia, perde sua eficácia.
E é justamente no desfecho que reside a maior fragilidade da obra. Após uma jornada marcada por pistas e suspeitas, esperava-se algo mais ousado ou emocionalmente potente. O final, embora coerente, é excessivamente óbvio, como se a autora tivesse optado por uma solução segura, mas sem o brilho narrativo que a trama inicial parecia prometer.
Apesar disso, O Homem de Giz tem seus méritos. É um livro que entretém, que fisga no começo, que tem bons personagens secundários e que cumpre bem seu papel dentro do gênero suspense. É, acima de tudo, uma leitura recomendada para quem busca algo leve, com clima nostálgico e uma dose de mistério, sem esperar, contudo, um clímax arrebatador.
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Se você chegou até aqui, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.
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