Como Ler Mais: 5 Estratégias Práticas para Criar o Hábito
- Pedro Sucupira
- 31 de ago. de 2022
- 8 min de leitura
Atualizado: 23 de mai.

Com certeza você já leu sobre os vários benefícios que a leitura pode te proporcionar, e eu corroboro todos, mas não é sobre isso que quero falar com você.
A leitura sempre esteve muito presente na minha vida, principalmente nos momentos mais difíceis como um dos meus escapes, e com o passar dos anos acabou se tornando uma das minhas grandes paixões.
Hoje, eu leio em média 35 livros por ano e sou um grande incentivador da leitura. Várias pessoas, no Instagram, Skoob, ou pessoalmente, me perguntam como eu faço para ler tantos livros.
Aqui, neste artigo, compartilho com você quais foram os hábitos que eu desenvolvi ao longo dos últimos anos que acabaram otimizando o meu tempo de leitura (sem fazer leitura dinâmica) e contribuindo para eu alcançar minhas metas anuais de leitura.
1) Como ler mais: Estabeleça uma meta
Estabelecer uma meta é uma das melhores formas de você assumir um compromisso com você mesmo.
E quando se trata de leitura ter uma meta é fundamental.
A quantidade de livros, textos e artigos disponíveis ultimamente é surreal e muitas vezes estamos lendo diariamente, mas não contabilizando.
Ter uma meta te ajuda a contabilizar e mais importante, ter uma meta pessoal concluída, por menor que seja, é uma das melhores formas de você se sentir realizado e assim continuar motivado a investir o seu tempo em concluir um plano.
1.1) O importante é estabelecer metas tangíveis
Primeira coisa que você precisa aceitar é que os dias são corridos, cheios de tarefas: trabalho, escola, faculdade, academia, cuidar da casa, filhos, cachorros, gatos, plantas, assistir filmes e séries, rolês com amigos etc.
Infelizmente, aceite que você não conseguirá ler todos os dias. E é aquela coisa, nós sabemos como nosso cérebro funciona. Uma meta não alcançada, por menor que seja, é tão desanimador que pode te fazer desistir de todo o restante.
Nessa etapa, o autoconhecimento é fundamental para estabelecer uma meta. Seja sincero com você mesmo e assuma o que você consegue e não consegue fazer.
Eu me conheço. Eu sei das minhas atividades diárias, minhas obrigações e sei o tanto que consigo ler em cada dia da semana dependendo da quantidade de atividades e compromissos que tenho.
Por isso, eu sempre estabeleço uma meta bem menor do que eu realmente consigo atingir.
Por exemplo: Estou lendo um livro maravilhoso e sei que amanhã eu conseguirei ler 50 páginas em 2 horas. Mesmo sabendo da minha capacidade, a minha meta real será ler 20 páginas. O importante aqui é mostrar para o meu cérebro que além de atingir minha meta eu consegui ir além.
A neurociência explica isso. Nosso cérebro prefere recompensas de curto prazo. Cumprir com metas de curto prazo libera dopamina (um neurotransmissor do bem-estar e autorrealização) no cérebro, o que traz sensação de felicidade, motivação e satisfação.
São as pequenas vitórias diárias que vão te levar a cumprir uma meta de longo prazo.
1.2) E que essa meta seja em número de páginas lidas e não em quantidade de livros
Uma das coisas que tem funcionado para mim é readequar minha meta para número de páginas lidas.
Muitas vezes eu planejei ler 50 livros no ano, mas os livros que eu tinha acesso tinham em média 500 páginas. Ler 500 páginas em menos de um mês pode ser muito desafiador para quem está começando.
Agora imagina, ler 50 livros de 500 páginas em um ano?
Para mim isso é impossível.
Por isso que eu readequei minhas metas para número de páginas.
Atualmente, eu estabeleço como meta 10.000 páginas por ano.
Um livro possui em média 300 páginas. 10.000/300 = 33 livros. Essa é a média de livros que leio em um ano.
Como faço para mensurar isso?
Você conhece o Skoob?
Então, o Skoob é uma rede social para quem gosta de ler. Lá você consegue organizar suas leituras em livros ‘lidos’, ‘lendo’, ‘quero ler’, ‘relendo’ e ‘abandonei’.
Além disso, no seu perfil você tem o paginômetro. No canto direito superior da página do seu perfil você consegue visualizar a quantidade de páginas que você já leu.

É assim que eu consigo acompanhar minha meta de longo prazo.
2) Planeje-se
Uma estratégia que utilizo para ler muitos livros é incluir a leitura como atividade do dia a dia.
Eu sempre separo um dia para planejar minha semana. Geralmente faço isso domingo a noite ou segunda de manhã. Eu listo todas as atividades e compromissos em cada dia da semana e nesse planejamento eu incluo a leitura.
Aqui, a leitura deixa de ser uma atividade passiva, esporádica, ou que você somente quando tem tempo, e passa a ser uma das prioridades do seu dia.
E como eu faço para planejar?
Eu estabeleço metas diárias tangíveis e em número de páginas.
Por exemplo: No momento em que estou escrevendo este artigo, eu estou lendo 3 livros:
Convite à Filosofia, da Marilena Chauí (520 páginas);
Sombras da Noite, do Stephen King (411 páginas);
e Rituais de Sofrimento, da Silvia Viana (192 páginas).
A minha meta é ler os 3 livros em 30 dias.
Se você reparar, eu coloquei o número total de páginas de cada livro. Somando dá um total de 1.123 páginas. Para eu atingir minha meta, eu preciso ler 38 páginas por dia (1.123/30=38).
Pronto, no meu planejamento semanal eu incluo a leitura de 38 páginas por dia.
Isso se tornou o meu ritual de organização das minhas leituras.
Nem todo mundo tem o hábito de leitura. Então, para você que está começando eu aconselho estipular menos páginas por dia, por exemplo 10 páginas por dia.
Se você se prontificar a ler 10 páginas por dia, ao final de 30 dias você terá lido 300 páginas (a média de páginas que possui um livro padrão de romance).
No fim do ano serão 12 livros lidos o que representa 6 vezes mais do que a média anual de livros lidos do brasileiro.
3) Leia livros de diferentes tipos ao mesmo tempo
Para quem pretende ler dois ou mais livros, ou, assim como eu, precisa conciliar várias leituras como faculdade, hobby, trabalho, pós-graduação, eu sempre aconselho ler livros de diferentes gêneros ao mesmo tempo.
No exemplo acima, eu citei três livros que estou lendo: 1 de Filosofia, 1 de Contos de Terror e 1 sobre Sociologia da Cultura. Para mim, quanto mais diverso forem os livros que estou lendo, melhor, pois assim eu consigo variar e não cair na monotonia.
Vou te contar um segredo. Praticamente todo livro, não importa qual seja, tem uma parte chata, cansativa e que se arrasta. Tenha isso em mente. Quando eu chego na parte arrastada de um livro, eu prontamente pulo para outro. Sem receio e nem culpa.
Eu descanso de um lendo outro.
4) A sua biblioteca de livros não lidos tem que ser maior que a de livros lidos
Essa estratégia eu aprendi com o Austin Kleon no livro Roube Como um Artista.
Se você pretende ler muito, tenha sempre ao alcance das mãos livros de todos os tipos, pois assim, quando bater aquela vontade de ler você conseguirá saciá-la.
Nunca deixe para depois, pois a vontade vai passar e você vai desistir de começar um livro novo.
Eu já sei quais são os meus gêneros favoritos de livro. Amo livros de terror e suspense.
Eu sempre tenho um livro nesse estilo que nunca li na minha estante.
5) Seja sincero com você mesmo
Autoconhecimento é seu maior aliado na jornada de aprendizado — e isso inclui a leitura.
Se um livro não estiver funcionando para você, reconheça. Abandoná-lo não é fraqueza, é honestidade. Não carregue culpa por isso. A vida é curta demais para insistirmos em experiências que não nos tocam, que não nos transformam. Leitura não é um pacto de tudo ou nada. É um diálogo — e, como em todo diálogo, podemos nos retirar quando ele se torna exaustivo.
“O que é bem escrito, as boas histórias, são o precursor da imaginação e, creio eu, a finalidade da imaginação é nos proporcionar consolo e proteção em situações e passagens da vida que, de outro modo, seriam insuportáveis. [...] A imaginação que tantas vezes me manteve acordado de pavor quando criança me fez, como adulto, vencer alguns encontros terríveis de dura realidade alucinante.”
— Stephen King
Essa citação me emociona. Ela me lembra que ler deve ser um alívio — não um fardo.
Se a leitura se torna penosa, angustiante ou dolorosa, talvez seja hora de deixá-la de lado. Ler deve nos acolher, nos fortalecer, e não nos esmagar sob o peso da obrigação. A leitura deve ser porto, nunca prisão.
E aqui está a lição mais importante: se você descobrir que ler livros não é para você, está tudo bem. Sério, está tudo bem. Existem outras formas legítimas e potentes de aprender — audiobooks, podcasts, vídeobooks, documentários, música. O mais importante é que você se conheça e se respeite.
Somos diferentes, e não há aprendizado eficaz sem esse reconhecimento da nossa individualidade. Tenho amigos com TDAH que não conseguem terminar uma página, e tudo bem. O erro é achar que todos devem aprender do mesmo jeito.
A Teoria das Múltiplas Inteligências, proposta pelo psicólogo e professor de Harvard Howard Gardner na década de 1980, surge como uma resposta crítica à visão reducionista da inteligência tradicionalmente aceita pela psicologia e pela educação. Em vez de considerar a inteligência como uma habilidade única e mensurável por testes padronizados como o QI (Quociente de Inteligência), Gardner propõe que existem diversos modos de ser inteligente, todos igualmente válidos e necessários para a vida em sociedade.
Segundo Gardner, existem pelo menos nove tipos distintos de inteligência:

Essa teoria desafia frontalmente o paradigma do QI, criado no início do século XX por Alfred Binet e posteriormente amplamente difundido no Ocidente. O teste de QI mede apenas dois tipos de inteligência: a linguística (capacidade de interpretar e usar a linguagem verbal) e a lógico-matemática (habilidade de raciocínio lógico e abstração numérica). Embora esses dois aspectos sejam importantes, eles não dão conta da complexidade humana, da riqueza de talentos e potenciais que se expressam de tantas outras maneiras.
A crítica de Gardner é clara: reduzir a inteligência humana a um número único é uma forma de empobrecimento e exclusão, pois acaba por rotular como “menos inteligentes” pessoas que não se encaixam nos moldes clássicos, mas que possuem habilidades extraordinárias em outras áreas.
Sua proposta nos convida a ampliar a visão sobre o que significa ser inteligente e a reconhecer que cada pessoa tem uma combinação única dessas inteligências. Com isso, ele também defende um sistema educacional mais inclusivo, adaptado às potencialidades de cada indivíduo, capaz de respeitar e valorizar a pluralidade de talentos humanos.
Ao aplicar esse olhar à leitura e ao aprendizado em geral, percebemos que não existe apenas uma forma “certa” de aprender. Há quem aprenda melhor lendo, outros ouvindo, movimentando-se, desenhando, meditando, observando a natureza ou conversando. Ignorar isso é negligenciar a diversidade da experiência humana.
Num mundo com mais de sete bilhões de pessoas, é absurdo acreditar que só há uma maneira certa de aprender.
Portanto, se a leitura não for para você, aceite. Mas você só saberá disso tentando.
Autoconhecimento é feito de tentativa e erro. Por isso, deixo aqui um convite: escolha um livro e teste. Experimente. Leia no seu ritmo. Do seu jeito. Com as estratégias que melhor funcionam para você.
E, se ainda assim não for o caminho, tudo bem. O importante é seguir buscando — pois aprender, no fim, é sempre sobre encontrar a sua própria voz.
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Se você chegou até aqui, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.
Se este texto te interessou, aqui no blog você encontra outros escritos meus, entre resenhas, contos e reflexões.
No Instagram, você me encontra como @pedrosucupiraa.
No Skoob, como Pedro Sucupira, onde compartilho os livros que li, estou lendo e pretendo ler.
E no Lattes, é possível acessar minha produção acadêmica, incluindo artigos científicos, capítulos e livros publicados.
Se quiser conversar, trocar ideias, críticas, sugestões ou experiências, sinta-se à vontade para me escrever: pdrohfs@gmail.com.
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