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Fundamentos da Ética — Uma introdução clara e acessível à filosofia moral

Atualizado: 22 de mai.


Capa do livro Fundamentos da Ética, de Antonio Djalma Braga Junior e Ivan Luiz Monteiro, com fundo roxo e título destacado em branco.

Ética está em tudo: política, ciência, religião, relações sociais, decisões pessoais. E é justamente essa onipresença que a torna um campo filosófico tão vasto, multifacetado e, por vezes, inescapavelmente complexo.

 

Mas, antes de nos debruçarmos sobre as manifestações particulares da ética em diferentes domínios — da biopolítica ao cotidiano —, é preciso dar um passo atrás e nos perguntar: o que é ética, afinal? Como esse campo do saber foi construído historicamente? E o que o diferencia, por exemplo, da moral?

 

É exatamente esse o caminho traçado por Fundamentos da Ética, obra introdutória escrita por Antonio Djalma Braga Junior e Ivan Luiz Monteiro. Ao longo do livro, os autores não se lançam em pretensões totalizantes — e isso é um mérito —, mas se propõem a oferecer um panorama claro, acessível e bem articulado sobre os conceitos centrais que moldam o pensamento ético.

 

Já nas primeiras páginas, o leitor é convidado a distinguir dois termos frequentemente confundidos: moral e ética. Os autores definem a moral como um conjunto de normas, regras, valores e costumes compartilhados por determinado grupo social em determinado contexto histórico. Como tal, é relativa: varia no tempo, no espaço, nas culturas. Fala-se, por isso, em moral da Antiguidade, moral medieval, moral burguesa moderna, moral contemporânea. Toda moral é um fato histórico, pois é produzida por sujeitos históricos.

 

A ética, por sua vez, é a reflexão crítica sobre esses padrões morais. Ser ético, então, não é apenas seguir normas, mas interrogá-las: pensar os valores que regem a vida em sociedade, questionar o que nos parece natural, e confrontar as decisões humanas com o peso do pensamento. Ética é filosofia aplicada à existência.

 

O percurso do livro segue esse fio histórico. Da Antiguidade à Contemporaneidade, os autores selecionam pensadores-chave de cada período e os apresentam com precisão e objetividade. Não se trata de uma coletânea enciclopédica, mas de uma curadoria responsável, que busca capturar a essência das transformações éticas ao longo do tempo. Os capítulos abordam nomes como Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant, Nietzsche e outros — sempre com uma linguagem fluida, sem jargões desnecessários.

 

Essa clareza didática é uma das grandes virtudes da obra. Em tempos de textos filosóficos que frequentemente se entregam ao hermetismo e ao academicismo vazio, é refrescante encontrar autores preocupados em fazer-se entender. A cada conceito, sente-se o cuidado em tornar a filosofia acessível, sem que isso implique superficialidade.

 

Entretanto, um ponto que merece crítica — e os próprios autores reconhecem — é a perspectiva eurocêntrica adotada ao longo do livro. Embora a ética tenha emergido em diversas regiões do mundo, sobretudo no chamado “período axial” — com Zaratustra na Pérsia, Buda na Índia, Confúcio e Lao-Tsé na China, Pitágoras na Grécia e o Dêutero-Isaías em Israel — a obra opta por um recorte ocidental. Isso pode soar limitador, e talvez seja mesmo, mas é compreensível dentro do escopo assumido: uma introdução viável e didática ao pensamento ético tradicional.

 

Na parte final, Fundamentos da Ética ganha fôlego ao discutir os dilemas éticos contemporâneos, como os direitos humanos, a cidadania e os desafios da bioética — aborto, eutanásia, clonagem, entre outros. São temas candentes, atuais, e a forma como são apresentados permite ao leitor perceber como as discussões filosóficas do passado seguem iluminando nossas decisões no presente.

 

Em suma, este não é um livro que pretende esgotar o tema — e seria ingenuidade esperar isso de qualquer obra. Mas ele cumpre, com honestidade intelectual e clareza expositiva, o que promete desde o título: oferecer ao leitor fundamentos. E, como toda fundação bem feita, ela é sólida o bastante para sustentar futuras construções mais complexas.

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Para quem chegou até aqui, eu me chamo Pedro Sucupira e sou um professor pesquisador em formação e curioso de um tanto que você não faz ideia. Amo estudar, não é à toa que não aguentei somente fazer o doutorado e já ingressei no curso de filosofia. Sou um descobridor, apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e tudo o que envolve ciência.


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