50 Contos de Machado de Assis - selecionados por John Gledson
- Pedro Sucupira
- 23 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de mai.
Machado de Assis é Machado de Assis. Não por tautologia, mas porque há nomes que se sustentam por si só. Considerado o maior autor da literatura brasileira, e, para muitos críticos, o mais importante escritor negro da história, Machado não cabe em adjetivos apressados. Ele é, antes de tudo, um convite à maturidade do olhar.
Confesso: minha relação com ele começou mal. Como muitos, fui apresentado a seus livros na escola, num tempo em que mal dominava o português e tampouco dispunha do vocabulário necessário para atravessar Dom Casmurro ou Quincas Borba. Eram leituras obrigatórias, mas jamais compreendidas, e menos ainda saboreadas. Não li. Não consegui. E, por honestidade, ainda não li essas obras por completo.
Mas como tudo na vida, a leitura é um processo. Um exercício de paciência, constância e, sobretudo, humildade. Permita-me uma analogia com o mundo fitness: ninguém começa levantando 100 quilos no supino. Antes disso, é preciso encarar os pesos menores, ganhar força, técnica, consciência corporal. E mesmo quando se tenta o peso máximo pela primeira vez, é provável que não consiga, e está tudo bem. Leitura também é treino.
Machado de Assis é, portanto, o “supino de 100 quilos”. Para alcançá-lo, talvez seja necessário começar mais leve, e é aí que entra 50 Contos de Machado de Assis, uma seleção precisa organizada por John Gledson. É um livro que oferece múltiplos acessos à obra do autor: há contos breves, irônicos, acessíveis com uma única leitura, e outros que exigem tempo, releitura, vocabulário e introspecção. É Machado em toda sua amplitude, do sarcasmo mais sutil à crítica mais feroz, do realismo fantástico ao niilismo psicológico.
Leia com calma. Pule o que não te agradar. Volte ao que te instigou. Leitura é gosto, mas também é contexto, ritmo e afinidade, e, sim, é legítimo não gostar de um conto, mesmo sendo “de Machado”.
Para quem quer, de fato, se aproximar da sua escrita, essa coletânea é um excelente ponto de partida. Não se trata de simplificar Machado, mas de abrir uma fresta possível para que sua literatura, exigente, provocadora e profundamente humana, encontre lugar em cada leitor. E quando isso acontece, a experiência é transformadora.

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Se você chegou até aqui, muito obrigado pela companhia. Meu nome é Pedro Sucupira, sou professor, pesquisador em formação e um curioso incansável. Amo estudar, ler e, recentemente, descobri o prazer inescapável da escrita. Sou um explorador apaixonado por literatura, comportamento humano, sociedade e por tudo que toca os campos da ciência e da saúde.
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